quinta-feira, 1 de novembro de 2012

CONCEITO – Vinhos do Douro Superior e algo mais …

Já lhe conhecia o “conceito" ... já lhe apregoava a qualidade...mas foi definitivamente neste carismático almoço que lhe prestei vassalagem! 
É, indubitavelmente, um caso muito sério no panorama vínico nacional. Rita Marques Ferreira é ainda uma jovem enóloga. Tendo como base a UTAD, esta coqueluche da enologia nacional viajou para outros quadrantes, sorvendo o que de bom por lá se fazia.   
Da família herdou uns quantos hectares de vinha no Douro Superior, que com toda a mestria e uma adega simples mas bem equipada, começou a dar largas ao seu talento e a espalhar toda a sua magia…
A prova iniciou-se precisamente pelas suas andanças além mar…e que mar esse tão distante! Nova Zelândia foi o porto seguro para a sua primeira experiência internacional. Um Sauvignon blanc de fazer corar as pedrinhas da calçada dos nossos mais vaidosos antípodas!                                               

CONCEITO SAUVIGNON BLANC 2011
Sendo um vinho produzido no chamado novo mundo, distingue-se dos seus congéneres desde logo pelo seu nariz. Mais contido nos aromas, sem grandes exuberâncias nem grandes exageros de tropicalidade, este Sauvignon blanc faz jus às características próprias da casta. Vegetal quanto baste, mostra toda a sua pujança mineral, sem nunca deixar de revelar a sua fruta limpa e pura em grande plano. A sua boca apresenta-se fresca e muito consistente. Com uma acidez bem colocada, exibe um corpo menos delgado do que poderíamos estar à espera, mostrando uma estrutura surpreendente, bom volume e um final muito sedutor. Um branco bem proporcionado, entusiasmante mas despreocupado...um vinho de empatia imediata e que não deixará ninguém indiferente!            

CONCEITO BRANCO 2010
Um branco que logo nas primeiras impressões…entrou directo para o meu top 5 dos brancos portugueses. O seu nariz é rico e complexo. Fruta branca de pomar, muito fina e limpa, toma conta das hostilidades. Requintadas notas minerais harmonizam plenamente com as suas suaves sensações de barrica. Tudo muito bem conseguido e com muito carácter. A boca mostra-se delicada, envolvente e com bom porte. O seu corpo é vigoroso mas elegante, sustentado por uma acidez muito fina e equilibrada. Um branco de grande classe que se assume, sem vaidades mas também sem timidez, como um dos mais notáveis vinhos brancos do Douro!  
                                                                                  
CONCEITO TINTO 2009
Um nariz promissor logo à entrada. Barrica bem integrada, deixando a fruta fazer o seu papel. Aqui ninguém assume protagonismos. Tudo em muito boa posição. Tudo muito bem harmonizado. Algum cacau e chocolate preto à mistura. Notas balsâmicas fazem-se também sentir, mas com natural subtileza. O seu corpo não se impõe pelo peso, mas antes pela elegância e por uma cama de taninos presentes mas seguros. A sua acidez faz-nos acreditar num futuro promissor e o seu final de boca atira-nos para juízos de valor muito mais audazes, permitindo-nos afirmar que se trata de um grande vinho, um tinto de luxo que ombreará, sem medos, com os maiores vinhos não só do Douro Superior como de todo o País.                     

CONCEITO VINTAGE 2005
A cor é ainda muito negra e brilhante. No aroma mostra-se imponente e seguro, elegante e tremendamente aprimorado, provando-nos, desde logo, que nem só das grandes casas produtores de Vinho do Porto, surgem os melhores exemplares deste estilo de vinhos. Frutas negras maduras marcam forte presença, acompanhadas de notas de chá preto e chocolate das mais nobres proveniências.  Na boca revela uma estrutura invejável, dimensão, volume e uma acidez fora de série. O seu final é muito longo e poderoso. Um Vintage intenso, denso e complexo. Um verdadeiro tributo à região demarcada do Douro!
                                                                                                                     
CONCEITO TAWNY 10 ANOS
Brilhante na sua tonalidade mogno suave, no seu acobreado charmoso. Aqui, sinto-me verdadeiramente em casa! É destes Portos que gosto de falar, são estes os Portos que me atraem, os Portos envelhecidos em largos espaços de madeira, sem medo, sem pressa, simplesmente à espera do que o tempo lhes designará. Este não esperou tanto assim, mas o suficiente para o tornar num Porto compacto, meloso e cativante. No aroma predominam os frutos secos, caramelo, casca de laranja e pralinés. Tem corpo, volume e estrutura. A sua boca é suculenta, alegre e radiante. Com uma acidez muito bem medida, este Porto apresenta-se em pleno fulgor da sua puberdade…sim, porque temos vinho para muitos e muitos anos! Saberá envelhecer com destreza, engenho e arte…um Tawny 10 anos que tão cedo não me sairá da memória!

2 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente fantástico! Muitos parabéns mesmo.

deixa no ar uma questão muito pertinente como poderá um enólogo fazer vinhos com interesse sem conhecer outros vinhos outras regiões outros países,através dos blogues e do que lê?

Luis Cunha

Unknown disse...

Muito obrigada Luis Cunha.

É verdade sim, o conhecimento "livresco" é bastante importante mas não chega.

Numa profissão como a de enólogo, as experiência empíricas fora do seu habitat natural são essenciais para o seu crescimento e diferenciação dos seus vinhos.