segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

QUINTA DO PORTAL GRANDE RESERVA 2006


Região: Douro
Produtor: Quinta do Portal
Enólogo: Paulo Coutinho
Castas: Touriga Nacional (50%), Tinta Roriz (35%) e Touriga Franca (15%)
Vol. Àlcool: 14,5%
 P.V.P.: +/- € 22,50        

Este Quinta do Portal Grande Reserva 2006 foi seguramente um dos melhores vinhos que provei durante o ano que agora termina. 

Tendo sido um ano muito importante para mim, porquanto, não só determinou a minha iniciação no mundo da blogosfera, como também me proporcionou o conhecimento de pessoas maravilhosas que muito tem enriquecido a minha vida, é com especial prazer que o encerro com a publicação de uma nota de prova sobre um vinho da Quinta do Portal. 

Entre outros prémios, este Grande Reserva 2006 conquistou também o troféu de melhor vinho do Douro e uma honrosa medalha de ouro no Internacional Wine Challenge 2008.
  
O responsável pela enologia desta grande Quinta Duriense é o enólogo Paulo Coutinho. Responsável pela enologia e muito mais certamente (acrescento eu!), tal a dedicação e entusiasmo que ele empresta a esta causa.
Para o Paulo Coutinho ser enólogo não é apenas uma profissão…é quase um sacerdócio, uma verdadeira devoção, uma espécie de chamamento com que Deus provavelmente o vaticinou!  

A sua forma de estar no mundo dos vinhos é de facto tão inteira, intensa e apaixonada que não só nos atrai e nos envolve como chega mesmo a ser tocante. 

Tendo sido submetido a um estágio de 14 meses em barricas novas de carvalho francês, este tinto mostra-se bastante concentrado na cor e revela um nariz com uma notável complexidade aromática. 

Não obstante serem profusamente evidentes os seus requintados aromas frutados, com notórias impressões de ameixas pretas e frutos silvestres, foram essencialmente as suas notas balsâmicas e especiadas que me prenderam de imediato. 

Com as suas bem dotadas sensações apimentadas e seus soberbos laivos licorosos e mentolados, o seu nariz estimula-nos energicamente os vários sentidos, deixando-nos, logo à partida, rendidos àquilo que promete ser uma verdadeiro estado de graça! 

Passando cerimoniosamente à sua prova de boca, fui sumptuosamente agraciada com uma voluptuosidade e uma vivacidade que em tudo vieram engrandecer a parcimónia e o respeito que os seus aromas nasais já me haviam conferido. 

Com uma acidez dita “al dente”, uma mineralidade em nada desprezível e uma barrica que se mostra já muito bem integrada, este vinho apresentou-se untuoso, redondo, com taninos já bastantes sedosos e macios e uma profundidade verdadeiramente irrefutável.

Tudo isto num compasso muito certo e afinado, a remeter-nos para um conjunto final harmonioso e sofisticado, como que a fazer crer que as fervorosas preces dos mais puros e fiéis seguidores do vinho tinham sido definitivamente atendidas… 

Um tinto feito de mérito e de sapiência, um tinto de completo deleite, de regozijo e de regalo…como só um grande vinho sabe e pode ser! 
Sem dúvida nenhuma…Um dos melhores tintos que Portugal e o Douro conseguiram fazer em 2006.
Nota pessoal: 18                                                                          Olga Cardoso

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

ROZÈS – LATE HARVEST 2008


Região: Douro
Produtor: Rozès
Enólogo: Luciano Madureira
Castas: Malvasia Fina
Vol. Alcool: 14,5%
P.V.P.: € 29,00 (Galeria de Vinhos)


A empresa que nos fez chegar este vinho é detentora de um enorme potencial qualitativo e integra o grupo francês Vranken Pommery, segundo maior produtor mundial de champagne.
Após o sucesso alcançado há já várias décadas no sector dos vinhos do Porto, e do lançamento em 2006 dos vinhos Rozès Rosé, Quinta do Grifo, Terras do Grifo e Quinta do Pégo, esta empresa, que sempre preservou e proclamou a utilização das castas mais historicamente utilizadas na região, quis apostar noutros voos, voos de cuja altitude nos surge este Noble Late Harvest 2008.
Este colheita tardia que agora vos apresento foi elaborado exclusivamente a partir da casta Malvasia Fina, uva pertencente à numerosa família das Malvasias, cuja identidade e origens concretas permanecem ainda mergulhadas numa certa indefinição.
Não obstante as permanentes dúvidas e constantes reclamações de paternidade por parte de diferentes países mediterrânicos, estudos ampelográficos assaz credíveis atribuem à ilha grega de Creta a detenção do seu berço natal.
No que ao vinho e respectivas características organolépticas diz respeito, cumpre-me realçar a sua aprazível diferença e a ousada inovação.
Pese embora seja notória a presença de aromas a uvas em passa e aos típicos frutos secos, tão íntimos da quadra que atravessamos, são ainda bem evidentes aromas de índole mais cítrica e até a um delicioso e refrescante ananás.
Com uma boca que nos enche mas não nos enjoa, este colheita tardia prima pela mudança, registando menores notas meladas e caramelizadas do que é habitual neste género de vinhos, afastando-se um pouco do sobejamente conhecido registo dos néctares de Sauternes.
Em suma, este vinho, para além de revelar um grande impacto olfactivo, possui ainda uma prova de boca onde o grau de doçura nos aparece perfeitamente tonificado pela frescura da sua belíssima acidez.
Um vinho muito curioso e estimulante, que espelha a maturidade de um produtor e a coragem de assumir a diferença patenteada na utilização de castas ditas out of system para o género em causa.
Um vinho pleno de graça e que combina na perfeição os trunfos da razão e do coração...!                                   

Nota pessoal: 17 

Vinho seleccionado pela Galeria de Vinhos para integrar o seu Clube de Vinhos do mês de Dezembro de 2009 (http://www.galeriadevinhos.com/)

BODEGAS CARRAU – PINOT NOIR RESERVA 2005


Região: Cerro Chapeu
Produtor: Bodegas Carrau
Enólogo: Francisco Carrau e Octavio Gioanació.
Castas: Pinot Noir
Teor Àlcool: 13,5%
P.V.P.: € 12,00 (Galeria de Vinhos)

Tendo sido fundada em 1752 por Don Francisco Carrau Vehils, na Catalunha (Espanha), a Bodegas Carrau já produz vinhos no Uruguai desde 1930. Sediada a poucos minutos da capital Montevideu, esta empresa vitivinícola é actualmente administrada pelos enólogos Francisco Carrau (nona geração da família) e Octavio Gioanació.
Sendo a Pinot Noir uma das castas mais complexas e delicadas de que há registo, talvez mesmo a mais caprichosa e melindrosa quer na vinha, quer na adega, atenta a sua maturação demasiado precoce e a sua película demasiado fina, é notável a forma como este produtor a conseguiu trabalhar e domesticar.
Trata-se de facto de uma casta surpreendente e enternecedora, mas que costuma obrigar a trabalhos redobrados, costuma exigir viver num clima perfeito e ser sujeita uma dose quase milimétrica de contacto com a barrica, apenas o suficiente para lhe conferir complexidade.
Efectivamente, até há bem pouco tempo atrás, quem desafiou a Pinot Noir e resolveu cultivá-la fora da Borgonha, colheu infortúnios. Felizmente, não foi esse o caso deste produtor.
Este Pinot Noir do Novo Mundo foi-me apresentado quatro anos após a sua colheita. Sendo um Pinot bastante diferente dos seus congéneres da Borgonha, revelou possuir um nariz onde estão bem presentes os aromas varietais típicos desta espécie de uva como são as framboesas, os morangos e as cerejas.
Com uma cor mais extraída do que é normal nos Pinot franceses, este vinho revelou possuir um nariz muito refinado e afinado, com notas de ervas que me lembraram chá preto e orégãos e outras de natureza mais terrosa como são os cogumelos e as trufas pretas.
Com um prova de boca que em nada desilude, onde notas balsâmicas e uns laivos de pimenta verde se fazem também sentir, mostrou ser detentor de uma acidez muito bem conseguida, com taninos finos e elegantes e com uma doçura superior ao habitual mas que lhe confere um certo charme e personalidade.
Com um final de boca que nos acompanha e nos seduz, este Pinot Noir mostra-se apetecível, prazeroso e bem formado.
Com uma excelente relação qualidade/preço, julgo estarmos perante um Pinot Noir que em nada envergonhará os mais sensíveis Petits Vignerons da famosa Côte d’Or Borgonhesa, sendo mesmo uma boa alternativa para quem se pretende iniciar nas ternas delícias desta casta apaixonante.
Nota pessoal: 16,5

Vinho seleccionado pela Galeria de Vinhos para integrar o seu Clube de Vinhos do mês de Dezembro de 2009 (www.galeriadevinhos.com)

http://www.galeriadevinhos.com/pt_pt/maxcontent/documento/59/clube-de-vinhos/

QUINTA DA VEGIA RESERVA 2005




Região: Dão
Produtor: Casa de Cello
Enólogo: Anselmo Mendes
Castas: Tourga Nacional e Tinta Roriz
Vol. Álcool:  13,50
P.V.P.:  € 24,00


A Casa de Cello é uma empresa familiar que se dedica à exploração vitícola das suas quintas desde o início do século passado. Foi nos anos 80 que um dos proprietários, João Pedro Araújo, deu início à profissionalização da actividade da Casa de Cello e reorganizou toda a estrutura existente com o objectivo de implementar as melhores tecnologias vitícolas e enológicas de forma a potenciar ao máximo a expressão dos seus “terroirs” nos vinhos criados.
A Quinta da Vegia integra a referida Casa de Cello e situa-se perto da Vila Histórica de Penalva do Castelo, na excelente mas por vezes tão esquecida, Região Demarcada do Dão.
Esta Quinta foi adquirida em 1999 em completo estado de abandono, contando actualmente com 60ha, dos quais 20ha são de vinha onde se acham enxertadas as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão e Trincadeira Preta.
Muito concentrado na cor, de um ruby intenso e escuro, este tinto apresenta um nariz com muita fruta limpa e de boa qualidade. Frutas pretas e maduras acompanhadas por outras mais vermelhas e generosas.
As ameixas pretas, os mirtilos, as groselhas e as cerejas são frutos que poderemos descortinar nesse vinho, sem que para tal tenhamos que fazer qualquer esforço.
Complexo, o seu bouquet revela-nos ainda suaves notas mentoladas, extremamente bem integradas nos tostados da madeira.
Com uma prova de boca muito bem casada com o seu nariz, este vinho apresenta um corpo médio mas de notável robustez, com ligeiras notas balsâmicas e até um certo cacau a servirem-lhe de leito.
Um tinto vigoroso e aprumado, cheio de alma e coração, que enaltece de forma adequada o que de melhor se vai fazendo actualmente no Dão.
Com um estilo que, quanto a mim, estabelece um compromisso perfeito ente o modernismo e o classicismo, este Reserva demonstrou possuir uma apreciável capacidade de guarda.
Um excelente tinto português!                                                                             Nota pessoal: 17


Vinho seleccionado pela Galeria de Vinhos para integrar o seu Clube de Vinhos do mês de Dezembro de 2009 (www.galeriadevinhos.com)


TERRENUS BRANCO 2008


Região: Alentejo 
Produtor: Rui Reguinga 
Enólogo: Rui Reguinga 
Castas: Arinto, Fernão Pires e Roupeiro 
Vol. Alcool: 13,5% 
P.V.P.: 14,20 (Galeria de Vinhos)
Este vinho branco alentejano é da inteira responsabilidade de Rui Reguinga. Licenciado em engenharia agro-industrial pelo Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, Rui Reguinga possuí já um vasto e reconhecido curriculum vitae, com consultorias várias em território nacional e algumas até em países estrangeiros, tais como o Brasil e a Argentina.
Dando a cara por diversos projectos vitícolas de outros produtores, Rui Reguinga, um bom interprete de castas e terroirs, sentiu necessidade de produzir vinhos inteiramente seus, vinhos que de alguma forma carregassem os seus genes e espelhassem o seu próprio carisma.
No âmbito desse projecto pessoal, surge-nos este branco alentejano elaborado com uvas provenientes de vinhas velhas da Serra de São Mamede.
De um amarelo-palha pouco intenso, este branco revela um nariz algo selecto, um nariz muito gentil e delicado. Notórias sensações cítricas conferem bastante frescura ao seu bouquet, onde são também evidentes aprazíveis notas minerais e uns ligeiros toques de tropicalidade.
Mas se o seu nariz poderá ser rotulado de low profile, a sua boca, bem pelo contrário, só poderá ser apelidada de muito expressiva e expansiva. Com um corpo atlético e bem nutrido, este vinho revelou possuir uma deliciosa cremosidade e uma notável profundidade.
A sua boca é um misto de elegância e potência, uma mescla de peso e frescura, onde a acidez aparece a sustentar muito bem os seus laivos de gordura. O seu final é fresco, mineral e profundo.
Um vinho antagónico mas muito bem harmonizado, que de forma clara nos comprova o principio físico sobre a atracção e interacção entre cargas opostas.
Um vinho com carácter e atitude. Um vinho entusiasta... mas que também nos sabe entusiasmar!
Nota pessoal: 16,5
Vinho seleccionado pela Galeria de Vinhos para integrar o seu Clube de Vinhos do mês de Dezembro de 2009 (www.galeriadevinhos.com)    

CAMÉLIA – LOUREIRO 2008


Região: Vinhos Verdes
Produtor: Mosteiro de Santa Maria de Landim
Enólogo:  Anselmo Mendes
Castas: Loureiro
Vol. Álcool: 12,5%
P.V.P. :  € 5,90 (Galeria de Vinhos)
Situado no coração da região nortenha do Minho, perto de Vila Nova de Famalicão, o belíssimo Mosteiro de Santa Maria de Landim, berço deste vinho varietal, vê as suas origens remontarem aos alvores da Baixa Idade Média, muito embora as notícias a que tenhamos acesso sobre a sua fundação sejam ainda escassas e até algo contraditórias.
Após o sucesso das suas primeiras edições, 2005 e 2006, e de uma colheita de 2007 que se desviou um ponto do perfil pretendido, chega-nos este Camélia Loureiro Puro 2008.                                                                                                      
Alicerçado sobre um nome romântico e primaveril, este vinho extreme da casta Loureiro demonstra ser um bom exemplo dos suaves encantos do Minho e das enormes potencialidades que se reconhecem a esta aromática casta.
De cor amarelo-palha, muito ténue ou quase incolor, este vinho revelou possuir um nariz bastante apelativo. Provado inicialmente num copo mais estreito, deixou apenas soltar as suas simpáticas notas florais, tão características da casta, como são a flor de sabugeiro e a flor de laranjeira e as suas componentes frutadas pertencentes a diferentes espécies de frutas cítricas.
Posteriormente provado num copo um pouco mais largo, o seu nariz começou então a libertar aromas mais vegetais, a lembrar erva molhada e folha de louro e outros ainda de carácter mais frutado que nos atiram para um certa ameixa branca.
Na boca mostrou-se fresco e vibrante, com uma acidez muito bem amparada e amaciada por um harmonioso açúcar residual.
Estamos perante um branco vivo e mordaz, que segue as novas tendências dos Vinhos Verdes, onde, aliás, o Anselmo Mendes tem tido uma importância capital.
Com final macio e bastante firme, este Loureiro demonstrou possuir argumentos mais que suficientes para se afirmar num lugar cimeiro, quer no mercado nacional, quer no mercado internacional.
Nota pessoal: 16,5 
Vinho seleccionado pela Galeria de Vinhos para integrar o seu Clube de Vinhos do mês de Dezembro de 2009 (www.galeriadevinhos.com)