domingo, 11 de dezembro de 2011

Cottas Reserva Tinto 2008

A Quinta de Cottas é uma pequena propriedade, com uma área de cerca de 10 hectares, situada no Cima Corgo, na Região Demarcada do Douro.
Produz vinhos de grande qualidade, elaborados, quase exclusivamente, a partir de castas tradicionais da região.
Este reserva tinto 2008, muito concentrado na cor, opaco e limpo, revela um nariz com grande elegância aromática, onde se destaca o seu carácter frutado, com os frutos silvestres em total predominância. Ligeiras notas florais e fumados muito bem integrados, mostram-se também de forma bastante evidente.
Na boca entra seguro e intenso, com a sua componente especiada a marcar aqui forte presença.
Com taninos suaves mas ainda muito presentes e uma frescura e uma acidez absolutamente notáveis, não obstante estar pronto a ser consumido, parece querer dizer-nos que o podemos guardar por uns bons tempos em cave.
Gordo e sedoso, potente e carnudo, este reserva tinto cativa pelo seu elevado equilíbrio, harmonia e elegância.
Complexo, amplo e com um final deveras sedutor, apresenta-se, não somente como mais um, mas como um tinto duriense ao qual é impossível ficar indiferente!
Nota pessoal: 17

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

GRANDE RESERVA – Uma Colheita Imperdível



Da pena de um apaixonado pela escrita e pelo mundo dos vinhos, surge-nos agora este Grande Reserva – Uma colheita imperdível.

Trata-se do primeiro livro de João Barbosa, jornalista de profissão, que já passou por publicações como O Jornal, Diário Económico e A Capital e blogger por paixão, sendo autor de 3 três blogs totalmente distintos entre si, entre os quais, o eno-blogue João à mesa  http://joaoamesa.blogspot.com/.

Estamos perante um livro que o autor classifica como sendo um livro de história e de histórias, que resulta de um apanhado de pequenos tesouros do vinho português.

Para mim, e porque conheci o João numa fase em que este livro ia ganhado “mentalmente” a sua forma, arrisco-me a dizer que ele é não só o resultado de um excelente trabalho de pesquisa e de um enorme trabalho de “campo”, como também, o fruto da postura humilde, discreta e apaixonada com que se tem regido.

Escrito de forma despretensiosa, bem-humorada e extremamente envolvente, este livro tem sido uma fonte de verdadeira aprendizagem e de puro deleite para mim.

De leitura obrigatória para qualquer enófilo português que se preze, este Grande Reserva é, efectivamente, "(…) um livro que se quer para fruição, para prazer e para felicidade simples. Um remédio santo contra as chatices da vida"!

Tchim, tchim João…

sábado, 27 de agosto de 2011

LAXAS ALBARIÑO 2010

Devo confessar que essa pretensa magna divisio entre brancos de verão e brancos de inverno sempre me irritou solenemente. São incontáveis as vezes em que este vinho me acompanhou em muitos e deliciosos jantares invernosos, com muito frio mesmo (lá fora claro está!), mas pronto…ok…concedo!

Estaremos, efectivamente, perante um excelente parceiro para os dias mais quentes e os cenários mais veraneantes. A solo ou acompanhado, este branco Galego, não desiludindo os grandes amantes da casta Albariño, faz as delicias de quem procura um vinho fresco, leve e despretensioso.

Não me podendo pronunciar sobre a sua longevidade, já que nunca provei colheitas mais antigas, posso, contudo, assegurar que se trata de um vinho muito regular e consistente, tantos foram os anos e as idas à simpática Galiza…para me deleitar com os seus mariscos e as suas típicas tapas.

Produzido pelas Bodegas - As Laxas, situadas nas margens do rio Minho, na D.O. Rias Baixas, Galiza, este Alvarinho, apresenta uma cor amarela citrina com laivos esverdeados e um aspecto brilhante e cristalino. Aromaticamente elegante e sem grandes devaneios olfactivos (graças a Deus! Já enjoa a quantidade desmesurada de “tropicalidade” que para aí anda…), apresenta um nariz muito limpo, com evidentes laivos de mineralidade e onde notas florais e frutadas, diria que maças e damascos marcam aqui forte presença, se encontram em perfeita harmonia.

Na boca revela bom corpo e bom volume. Mostra-se extremamente equilibrado, com uma acidez muitíssimo bem colocada e um final bastante sedutor. Afinado e bem proporcionado, refrescante e sóbrio, este vinho, podendo não representar um poema à casta Alvarinho, demonstrou sempre uma autenticidade e uma generosidade, perfeitamente capazes de nos deixar com um enorme sorriso nos lábios! Rias Baixas…what else!!!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

RESTAURANTE DOC – Um Santuário Gastronómico no Douro

Situado naquele que é um dos percursos panorâmicos mais bonitos e arrebatadores do nosso país, a sumptuosa estrada marginal entre a Régua e o Pinhão, o Restaurante DOC localiza-se mais precisamente na Folgosa do Douro, concelho de Armamar.      
                                                                                           
Instalado num amplo edifício de arquitectura moderna, mas perfeitamente enquadrado no cenário envolvente, o DOC está literalmente construído em cima do rio, podendo a ele aceder-se também por via fluvial, atracando-se num cais simpático e funcional com capacidade para cerca de 15 barcos.

 
Este espaço beneficia ainda de uma deslumbrante esplanada, toda ela virada para aldeias, quintas e vinhas que ajudam a engalanar ainda mais o nosso horizonte, e na qual poderemos, sempre que o tempo permitir, deliciarmo-nos com uma tentadora refeição, participar numa animada tertúlia ou simplesmente degustar  um bom vinho.

Assente numa filosofia que se poderá designar de triangular, composta por uma cozinha elaborada, vinhos de qualidade e beleza paisagística, o DOC tem presenteado os seus clientes com uma carta repleta de boas sugestões vínicas que, não ignorando as demais regiões vinícolas portuguesas e até estrangeiras, possui uma natural incidência sobre vinhos provenientes do Douro.



Este esforço em estimular a descoberta do imenso património vínico da região, aliada a uma prática sensata no que ao preço dos vinhos respeita, valeu a este restaurante, poucos meses após a sua abertura, a atribuição pela Revista de Vinhos do prémio para a Melhor Carta de Vinhos Regional.

A ideia de que um bom vinho, quando bem harmonizado, pode engrandecer toda uma refeição, não é apenas uma prática diária do DOC…é sobretudo a sua bússola e o seu lema de vida! 


Mas não só de cozinha e de vinhos vive o DOC. Existe ainda todo um projecto ligado a eventos de outra natureza, o qual se encontra em permanente dinamização e se pauta sempre pelo respeito por toda a beleza de um território que a UNESCO classificou como Património Mundial. Esta constante preocupação tem-lhe permitido afirmar-se como um projecto âncora na dinamização do turismo no Alto Douro Vinhateiro.

As propostas gastronómicas são muitas, com a vantagem de serem apresentadas de formas variadas e até originais.
O Chef Rui Paula tem como preocupação primordial, a utilização de produtos genuínos e de elevada qualidade, que lhe permitam apresentar uma cozinha, essencialmente, de cariz tradicional português, embora elaborada com recurso a técnicas e a concepções mais actuais.


Como o próprio afirma, a sua culinária está intimamente ligada a sensações e a memórias antigas, cuja matriz visa sempre respeitar, não obstante a sua eterna busca por novas nuances que valorizem os aromas, os sabores e as texturas dos produtos.

Sem me querer alongar mais nesta minha já vasta descrição, e porque acredito que a consulta directa da fabulosa ementa que este Restaurante nos proporciona é muito mais aliciante, remeto-vos para o seu site oficial http://www.ruipaula.com/doc/menu, limitando-me somente a afirmar que se trata, indiscutivelmente, de uma espaço de emoções e de prazer, que com toda a naturalidade tem sabido fazer jus à reconhecida magistralidade do nosso DOURO!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

DONNAIRES - UM NOVO PROJECTO NO DÃO!

Decorrido tanto tempo sobre a minha fase “mais presente” enquanto wineblogger, muitos já me haviam, certamente, como uma desistente! Se o pensaram…tiveram toda a razão! Estive, de facto, ausente durante muito tempo. Questões pessoais e afazeres profissionais assim o determinaram. 
No entanto, não o poderei negar, que a tudo isso se terá somado uma certa decepção com a dita “indústria do vinho” em Portugal e alguma dose de incredulidade sobre a “mais valia” que os winebloggers possam, eventualmente, acarretar para o desenvolvimento e transparência de todo este sector! 
Quanto à primeira questão…nada a fazer! Mea culpa, mea culpa…quem me mandou construir castelos na areia???
Quanto à segunda, e após longo período de reflexão, as conclusões a que cheguei são manifestamente favoráveis à minha permanência e, indesmentivelmente, deveras apologistas da defesa e do reconhecimento daqueles que, movidos por uma enorme paixão e desprovidos de quaisquer apoios financeiros, teimam em “erguer a bandeira”, promovendo, sem contrapartidas, o produto – VINHO!  
Escolhi para regresso, uns vinhos que estão agora a dar os seus primeiros passos! Trata-se de um projecto muito pequeno, que tive o privilégio de conhecer e acompanhar. Projecto esse que, dada a sua qualidade e a paixão e o cuidado com que é conduzido, me fez, de certa forma, transportar para os apaixonantes "petits vignerons" da famosa Borgonha! 
Os rótulos exibidos são ainda uma mera amostra daquilo que poderá vir a ser a sua imagem oficial, sendo que a maquete do tinto nem sequer é a da colheita provada. Entendi publicá-los para que possam ter uma ideia daquilo que irá, muito provavelmente, ser o seu aspecto final. 
Para aqueles que me seguiam (poucos…diga-se de boa verdade), as minhas sinceras desculpas. Procurarei, doravante, voltar a merecer a vossa valiosa atenção.
Assim sendo, aqui ficam as minhas impressões sobre estes vinhos prestes a sair para o mercado…

DONNAIRES ROSÉ 2010
De um rosado intenso e definido, este vinho, maioritariamente elaborado a partir da casta Touriga Nacional, apresenta um aspecto limpo e cristalino.
O seu nariz revela uma intensidade aromática discreta e elegante, onde predominam os frutos vermelhos, tais como morangos, cerejas e framboesas. Sendo notória uma ligeira mineralidade é, no entanto, a sua componente vegetal que lhe confere uma certa “finesse” e profundidade olfactiva.
Na boca mostra-se bem estruturado, com a fruta e as nuances vegetais em perfeita harmonia. Possui uma frescura correcta e uma acidez muito bem conseguida, as quais, associadas ao seu carácter mais seco, lhe atribuem um elevado potencial gastronómico. O seu final é de média intensidade, sendo, contudo, bastante cativante.
Não obstante a sua alegada mestria à mesa, não deverão ser descuradas a suas aptidões para funcionar como um excelente aperitivo.
Diria que se trata de um rosé de perfil mais sério e viril, que seduz e atrai pelo bom equilíbrio global dos seus componentes.
Nota pessoal: 16,5

DONNAIRES TINTO 2009
Bastante concentrado na cor, de um rubi profundo com abundantes tons violeta, este tinto ainda jovem exibe um “bouquet” dominado por notas de fruta preta e madura de boa qualidade.
Ameixas, amoras e mirtilos harmonizam na perfeição com notas balsâmicas e alguns laivos especiados. A madeira não se faz sentir em demasia, conferindo-lhe, de forma subtil, já uma certa complexidade. Delicadeza e requinte, definem bem o seu carácter aromático.

Na boca entra seguro e envolvente, revelando bom corpo e bom volume. Não obstante a sua juventude, os seus taninos firmes são também suaves e redondos, o que lhe permite exibir a elegância e nobreza tão peculiares aos vinhos da região que o viu nascer – o Dão.
Apesar de elegante, este tinto de bela acidez, possui também um vigor e um entusiasmo que lhe irão, certamente, permitir crescer de forma consentânea e promissora. Termina de forma longa e harmoniosa.
Em suma, estamos, seguramente, na presença de uma tinto simultaneamente frutado e terroso, firme e volumoso, macio e sedoso. Um vinho com muito para nos dar!
Nota pessoal: 16,5