Decorrido tanto tempo sobre a minha fase “mais presente” enquanto wineblogger, muitos já me haviam, certamente, como uma desistente! Se o pensaram…tiveram toda a razão! Estive, de facto, ausente durante muito tempo. Questões pessoais e afazeres profissionais assim o determinaram.
No entanto, não o poderei negar, que a tudo isso se terá somado uma certa decepção com a dita “indústria do vinho” em Portugal e alguma dose de incredulidade sobre a “mais valia” que os winebloggers possam, eventualmente, acarretar para o desenvolvimento e transparência de todo este sector!
Quanto à primeira questão…nada a fazer! Mea culpa, mea culpa…quem me mandou construir castelos na areia???
Quanto à segunda, e após longo período de reflexão, as conclusões a que cheguei são manifestamente favoráveis à minha permanência e, indesmentivelmente, deveras apologistas da defesa e do reconhecimento daqueles que, movidos por uma enorme paixão e desprovidos de quaisquer apoios financeiros, teimam em “erguer a bandeira”, promovendo, sem contrapartidas, o produto – VINHO!
Escolhi para regresso, uns vinhos que estão agora a dar os seus primeiros passos! Trata-se de um projecto muito pequeno, que tive o privilégio de conhecer e acompanhar. Projecto esse que, dada a sua qualidade e a paixão e o cuidado com que é conduzido, me fez, de certa forma, transportar para os apaixonantes "petits vignerons" da famosa Borgonha!
Os rótulos exibidos são ainda uma mera amostra daquilo que poderá vir a ser a sua imagem oficial, sendo que a maquete do tinto nem sequer é a da colheita provada. Entendi publicá-los para que possam ter uma ideia daquilo que irá, muito provavelmente, ser o seu aspecto final.
Para aqueles que me seguiam (poucos…diga-se de boa verdade), as minhas sinceras desculpas. Procurarei, doravante, voltar a merecer a vossa valiosa atenção.
Assim sendo, aqui ficam as minhas impressões sobre estes vinhos prestes a sair para o mercado…
De um rosado intenso e definido, este vinho, maioritariamente elaborado a partir da casta Touriga Nacional, apresenta um aspecto limpo e cristalino.
O seu nariz revela uma intensidade aromática discreta e elegante, onde predominam os frutos vermelhos, tais como morangos, cerejas e framboesas. Sendo notória uma ligeira mineralidade é, no entanto, a sua componente vegetal que lhe confere uma certa “finesse” e profundidade olfactiva.
Na boca mostra-se bem estruturado, com a fruta e as nuances vegetais em perfeita harmonia. Possui uma frescura correcta e uma acidez muito bem conseguida, as quais, associadas ao seu carácter mais seco, lhe atribuem um elevado potencial gastronómico. O seu final é de média intensidade, sendo, contudo, bastante cativante.
Não obstante a sua alegada mestria à mesa, não deverão ser descuradas a suas aptidões para funcionar como um excelente aperitivo.
Diria que se trata de um rosé de perfil mais sério e viril, que seduz e atrai pelo bom equilíbrio global dos seus componentes.
DONNAIRES TINTO 2009
Bastante concentrado na cor, de um rubi profundo com abundantes tons violeta, este tinto ainda jovem exibe um “bouquet” dominado por notas de fruta preta e madura de boa qualidade.
Ameixas, amoras e mirtilos harmonizam na perfeição com notas balsâmicas e alguns laivos especiados. A madeira não se faz sentir em demasia, conferindo-lhe, de forma subtil, já uma certa complexidade. Delicadeza e requinte, definem bem o seu carácter aromático.
Na boca entra seguro e envolvente, revelando bom corpo e bom volume. Não obstante a sua juventude, os seus taninos firmes são também suaves e redondos, o que lhe permite exibir a elegância e nobreza tão peculiares aos vinhos da região que o viu nascer – o Dão.
Na boca entra seguro e envolvente, revelando bom corpo e bom volume. Não obstante a sua juventude, os seus taninos firmes são também suaves e redondos, o que lhe permite exibir a elegância e nobreza tão peculiares aos vinhos da região que o viu nascer – o Dão.
Apesar de elegante, este tinto de bela acidez, possui também um vigor e um entusiasmo que lhe irão, certamente, permitir crescer de forma consentânea e promissora. Termina de forma longa e harmoniosa.
Em suma, estamos, seguramente, na presença de uma tinto simultaneamente frutado e terroso, firme e volumoso, macio e sedoso. Um vinho com muito para nos dar!
Nota pessoal: 16,5
11 comentários:
Parabéns pelo teu regresso. fazes falta, como já te disse.
Lanças algumas questões que, como sabes, tento trazer à baila junto do povo. Na maior parte das vezes, sinto que falo para a parede ou prego para os peixes. Mas mesmo assim, continuarei a pregar, picar na moleirinha dos outros.
Sobre os vinhos, fala-me um pouco mais sobre o produtor, pois como sabes sou um seguidor dos vinhos do Dão.
Um beijo, se me permites.
Rui
Permito e agradeço!
O produtor chama-se Carlos Gomes e tem uma pequena propriedade na região de Tábua. Está a dedicar-se bastante a este projecto, andado, ele próprio, constantemente no meio das vinhas.
Falamos de um projecto realmente pequeno, mas com 2 belíssimos vinhos.
Não te sei dizer muito mais, mas se tiveres interessado em visitar a Quinta e conhecer os vinhos, julgo que poderei intermediar esse encontro!
Um beijo Rui e muito obrigada pelo apoio
Olá Olga,
Também eu fico contente com o teu regresso ao Blog. Espero que essa fase tenha passado e que encntres nova motivação para continuar até porque sempre gostei de ler as tuas linhas.
Abraço
Obrigada Carlos!
É muito estimulante ler estes vossos comentários.
Parabéns pelo teu blog. Está muito interessante e eu estou a tornar-me
uma leitora mais assídua!
E pode-se saber quem é o Enólogo responsável pelo vinho?
Jota,
Claro que pode! A vinificação está a cargo da Wines & Vines.
Bem-vinda de volta!
Se me permite, a mais-valia do enoblogue não existe na forma colectiva. Existem uns válidos e outros inválidos, como tudo nesta vida!
A Olga é certamente válida, por isso faz falta! Simples não?
Um beijo!
HM
suerte con este nuevo proyecto
Olá Olga. Ainda bem que ponderou e regressou a estas andanças. Pessoas como a Olga fazem sempre falta. Quanto aos vinhos, gostava de os provar, fiquei curioso. Já agora, quais os preços praticados?
Um beijo,
Nuno
Olá Nuno,
Se a memória não me falha, o rosé anda na casa dos 5 € e o tinto na casa do 10 €.
Um beijo
Hugo,
Muito obrigada :-)
Um beijo
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