Uma casta com tanto de sublime como de mal amada...
Grande parte dos críticos de vinho são apaixonados pela uva riesling, que se tem revelado ao mundo como uma cepa que busca reinar nos domínios das uvas brancas pelo quesito da qualidade.
A guerra entre as tintas cabernet sauvignon e syrah (shiraz) e as brancas chardonnay e riesling promete ainda muitos batalhas no futuro.
Entre os amantes da riesling estão os especialistas ingleses em vinhos Jancis Robinson, Hugh Johnson e Oz Clarke.
Ela pode não ter muitos adeptos, ou não ser tão popular quanto a chardonnay, mas aqueles que a amam consideram-na uma das melhores variedades de uva do mundo.
A paixão pela riesling não existe por acaso, há inúmeras e diversas razões.
A sua alta acidez e seu teor alcoólico relativamente baixo fazem dela a companhia ideal, além de expressar de maneira magnífica o seu terroir, sua origem.
A Riesling é uma uva que fala de onde vem - sendo esta uma característica importante dos grandes vinhos.
Essa sua versatilidade é devidamente compreendida no seu berço de origem - Alemanha, mais especificamente em Mosel, Rheingau e Pfalz, mas também na Alsácia, assim como em algumas regiões frescas do Novo Mundo, como a Austrália e a Nova Zelândia.
Nesses países e regiões, esta uva propicia estilos e texturas diferentes, não se deixando cair na monotonia de sua rival chardonnay.
Devido à sua acidez vibrante, os vinhos feitos desta uva podem ter um vida longa, mostrando, ao contrário do pensamento reinante sobre brancos, que alguns riesling pedem tempo em garrafa para ser consumidos em todo o seu esplendor, aguentando muito bem a guarda.
Quando envelhece bem, brinda-nos com aromas de frutas maduras e petróleo.
Os vinhos à base desta uva mostram estilos diversos, podendo ser ultra-secos ou intensamente doces.
Além dos secos, temos o estilo doce e gelado dos icewines, os colheitas tardias frequentemente atacados pela podridão nobre da Botritys) beerenauslese e trockenbeerenauslese (alemães) e seus semelhantes fora daquele país.
Mesmo na Alemanha não se pode falar num só riesling, pois um observador mais atento percebe uma certa cremosidade envolvida por aromas de pêssegos e pêras sobre um corpo mais evidente nos originários de Rheingau (clima mais quente), quando comparados com os de Mosel-Saar-Ruwer, que mostram aromas mais frescos, cítricos e minerais.
Os melhores riesling da Áustria vêm da região de Wachau e mostram-se firmes, secos e minerais. No entanto, é de Haut-Rhin, a metade Sul da região da Alsácia, que vêm os melhores exemplos desta fabulosa uva.
Aqui temos os perfumes típicos da casta, ultra-secos, com um toque metálico. Assim como alguns com diferentes graus de doçura, desde os intensamente doces (sélection de grains nobles), aos meio-secos e doces (vendage tardive).
Ao Norte da Itália, em vinhas altas do Alto Adige, surgem alguns exemplares desta variedade de uva bem diferentes dos usuais brancos italianos.
De regiões mais frescas da Austrália surge um estilo de riesling seco, vigoroso, limonado, com toques de torrada fresca à medida que envelhece.
Na Nova Zelândia, alguns colheitas tardias, afectados pela podridão nobre, são fantásticos.
O Canadá também produz interessantes icewines a partir desta casta.
Como promessa, há ainda alguns vinhos riesling da Argentina e Chile. É importante dizer que a riesling não gosta de madeira porque não precisa dela.
Os seus próprios aromas (potentes, intensos e ricos), a sua elevada estrutura e o seu refinado equilíbrio fazem com que ela não precise do carvalho para revelar todo o seu esplendor. Combinar pratos asiáticos (China, Tailândia, Japão e Índia) com um vinho da casta riesling poderá ser muitas vezes uma aposta correcta.
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