sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PRIMEIRA PAIXÃO VERDELHO 2008


Região: Madeira
Produtor: Paixão do Vinho
Enólogos: Rui Reguinga e
Francisco Albuquerque
Castas: Verdelho
Vol. Alcool: 12,5%
P.V.P.: +/- € 12,00 ´

A casta que está na origem deste vinho é seguramente uma das mais enigmáticas e indecifráveis castas brancas de que tenho conhecimento. Há quem afirme que tal como as diferentes variantes da família Malvasia, esta casta terá tido a sua génese na famosa ilha grega de Creta. A verdade é que esta fascinante casta branca sempre se prestou a enormes equívocos e flagrantes erros de toponímia.
Não obstante a relação parental que sempre lhe quiseram estabelecer com a casta Verdejo de Espanha e Verdello de Itália, rigorosos estudos ampelográficos efectuados concluíram pela total inexistência de similitudes genéticas.
Pese embora existam vários vinhos portugueses que exibem o nome Verdelho nos seus rótulos ou contra-rótulos, a verdade é que estamos perante castas com perfil totalmente diferente, tal como são o habitual Gouveio e mais actualmente a casta Verdejo que muitos dos nossos produtores vão buscar à região demarcada espanhola de Rueda.
É no Portugal insular, nomeadamente na ilha da Madeira, que esta casta subsiste e ganhou grande reputação internacional, mormente, na elaboração dos vinhos generosos.
Actualmente é sobejamente utilizada na Austrália, país onde integra uma das mais fortes apostas de nichos de mercado.
Em Portugal, tem sido efectivamente através dos vinhos generosos da Madeira que esta casta extremamente aromática, repleta de aromas tropicais e profusamente cítrica mais se destacou e realmente se afirmou.
Apesar destas suas excelentes características, só no início do século XX é que ela foi elevada à condição de casta nobre, sendo, contudo, ainda uma das castas ditas de excelência com menor área de plantio.
Este vinho tranquilo denominado PRIMEIRA PAIXÃO VERDELHO 2008, um branco VQPRD Madeirense, resultou da PAIXÃO PELO VINHO de diferentes amigos, nomeadamente, os enólogos Francisco Albuquerque e Rui Reguinga que, aproveitando, quiçá, uma das mais fascinantes variedades de uvas brancas, deram corpo a este projecto que visa implementar-se no mercado nacional como um projecto genuíno e que pretende dar a conhecer aos portugueses o que de mais português eventualmente existirá.
Extremamente aromático, este vinho apresenta uma cor de um amarelo discreto mas muito sedutor, exibindo um nariz muito expressivo com notas tropicais bastante evidentes.
Com sensações cítricas de lima e limão a emergirem logo à entrada, este vinho transporta-nos ainda para aromas a lembrar a maracujá, com alguma pêra fresca como que a saltar do seu fundo, acompanhada ainda de uma forte e bem marcante mineralidade.
Na boca revela-se bem estruturado, com bom equilíbrio, elevada acidez e relevante frescura. Profusamente exótico, este vinho possui uma notável complexidade, com final médio mas muito bem pronunciado, que de alguma forma nos remete para momentos de uma certa introspecção e nos convida até a uma íntima reflexão.
Atrevendo-me a citar o afamado crítico de vinhos português, João Paulo Martins, no seu livro – VINHOS DE PORTUGAL 2010 -“como estreia não seria possível esperar mais”- vou, como já anteriormente referi, atrevidamente permitir-me augurar um grande futuro a este vinho, que em próximas colheitas nos irá certamente premiar com néctares de verdadeira eleição, possibilitando-nos a todos nós portugueses, a degustação de uma casta que erroneamente julgávamos conhecer…!


Nota: 16,5                                               Olga Cardoso

2 comentários:

su disse...

Tive o previlégio de partilhar com a Olga, que fez esta nota, este vinho. Desejo aos produtores os maiores sucessos pois estão no bom caminho. Viva a Madeira e a coragem de se implementar entre os grandes!

Alberto Manuel disse...

O grupo Drinkedin no Twitter http://www.twibes.com/group/drinkedin assistiu, partilhou e contribuiu com a maior comunidade internacional cuja missão é a promoção do vinho Português o nascimento do Primeira Paixão, pelo que gostaríamos que também se juntasse ao grupo.
Contamos consigo.
É com prazer que vemos uma voz feminina neste meio.
Felicidades e boa provas.